qual é a tua meu chapa
qual é a tua missão
velho malandro da Lapa
dono de um mundo em extinção
qual é a tua ruína
teu coliseu, tuas Missões
lá onde tudo termina
um sonho jogado aos leões
sete vidas, qual é a tua
tantos futuros na mão
uma lança, índio charrua
quem sabe a paz de um chimarrão
a imagem que ficou
quando a luz se apagou
pra sempre
sete povos onde estão
sete dias passarão
pra sempre
tchê, qual é a tua
“Fulano é do ramo”, “Beltrano não é do ramo” - gosto da expressão. A analogia vegetal (como se as possibilidades que a vida oferece formassem um arbusto ou uma árvore) suaviza a noção de que nosso destino já esteja escrito.
“No ramo desde ****” - assinatura que antigas empresas ostentam para expor sua permanência no mercado, sempre me lembra um bichinho agarrado a um galho que balança ao sabor do vento e pelo próprio peso do animal.
Conheço músicos talentosíssimos que não são do ramo. Apesar da habilidade, não dialogam de forma criativa com a tradição, o momento e o futuro. Fazem bem mas não avançam um milímetro além do que já foi feito. Há músicos limitados, mas do ramo, cujas limitações até ajudaram-nos a transcender e levar à frente, por um milímetro que seja, a história da música. Há também, é claro, os extremos: músicos habilidosíssimos que são do ramo e os sem talento que não são. Sobre eles, por óbvio, nada precisa ser dito.
Nem sempre é fácil saber qual é nosso ramo. E há várias maneiras de se posicionar num mesmo ramo; várias formas de ser médico, poeta, engenheiro, político... também há várias formas de não ser nada. Não nos deixemos cabrestear pelos estereótipos!
A questão não se esgota em ser ou não do ramo. Talvez o tal ramo nem exista em determinados meio social e período histórico. Quantos extraordinários artistas, cientistas, atletas ou filósofos morreram antes de nascer pois estavam na hora errada no lugar errado (cedo demais, tarde demais, longe demais)? Os zigue-e-zagues da vida podem nos afastar do nosso ramo. Até que algo ou alguém (para ficar no reino vegetal) quebre nosso galho.
A questão não se esgota em ser ou não do ramo. Talvez o tal ramo nem exista em determinados meio social e período histórico. Quantos extraordinários artistas, cientistas, atletas ou filósofos morreram antes de nascer pois estavam na hora errada no lugar errado (cedo demais, tarde demais, longe demais)? Os zigue-e-zagues da vida podem nos afastar do nosso ramo. Até que algo ou alguém (para ficar no reino vegetal) quebre nosso galho.
Esta sociedade do entretenimento que nos pariu e embala gosta-que-se-enrosca de inventar moda. Para atingir nossos sentidos já enfarados de tanto lero-lero, a novidade e o grotesco têm prioridade. O que um artista tem a dizer sobre política, o que um político tem a dizer sobre esporte, o que um atleta tem a dizer sobre religião, o que um teólogo tem a dizer sobre arte parece interessar mais do que o que cada um tem a dizer sobre seu próprio ramo. Pelo menos é o que acha quem tá de olho na audiência. E com i$$o a $ociedade que no$ pariu e embala não brinca: $ão $empre cara$ do ramo que contam o$ ponto$ e fazem a$ conta$.
bah 1: Num belo dia, a bela tenista Anna Kournikova descobriu que ganhava mais grana fazendo fotos para propagandas de perfume e relógio do que vencendo torneios. Seguindo a lógica custo/benefício, ela gradualmente foi se afastando do esporte e se dedicando à publicidade. Quando já não era tenista, o mercado da propaganda perdeu o interesse por ela.
bah 2: Randy Jackson era um baixista top da cena americana nas décadas de 80/90. Do jazz ao pop. A partir do momento em que começou a fazer parte do júri no programa American Idol, o fato de ter sido um exímio e bem sucedido baixista passou a ser uma pálida nota de rodapé em sua biografia.
bah 3: o piloto brasileiro Hélio Castroneves, entre outras conquistas automobilísticas, venceu 3 vezes as 500 Milhas de Indianápolis, mais importante prova dos EUA. Dia desses ouvi ele comentar que, depois que participou do programa Dancing With The Stars, nos EUA ele é mais visto como um dançarino que corre do que como um piloto que dança.
bah 4: Hey, companheiro de arbusto, qual é teu ramo?
bah 5: Nosso destino está escrito? Existe livre arbítrio? Em que proporções devemos misturar estes dois ingredientes: o determinado e o aleatório? Espero que não esperes respostas minhas. Não as tenho, sou só um fazedor de canções – quase um compositor. Mas tenho uma pergunta: um texto que não pode ser lido existe?
escrito há 10.000 anos
em para-choques de caminhão
atalhos perigosos
feito frases feitas
um abraço
como se braços fossem galhos
e árvores se abraçassem
03jul2012
como se braços fossem galhos
e árvores se abraçassem
03jul2012